26 de julho de 2009

Vidas

Yuri era um dos ucranianos mais respeitados da sua obra. Todos os cabo verdianos, simples serventes, olhavam com inveja para os acabamentos de Yuri. Até o próprio empreiteiro corrupto, presidente de câmara e de um clube de futebol, reconhecia os seus talentos. Entre piropos a gajas boas e respostas do género "Tu? Ui, nem cócegas lhe fazias. Raios te f***m" era comum ouvir-se dizer que Yuri ia longe.
Um dia Yuri deitou tudo a perder. Perguntou ao encarregado da obra se sabia qual era a diferença entre uma pizza e um judeu, pergunta à qual o encarregado respondeu que não sabia. Posto isto, Yuri disse que as pizzas não choram quando vão ao forno. O encarregado não teve meias medidas e aplicou dois socos no estômago de Yuri, que já estava a contas com uma mistura explosiva entre vodka e bagaço, que lhe havia sido servida após o almoço. Oferta da casa, dissera o empregado de mesa.
Todos os colegas de Yuri perderam-lhe o respeito. Sem futuro nas obras, enverdou pela medicina, onde tem a degradante profissão de cirurgião respeitado. Aparece com frequência na televisão, sendo que a sua última presença foi quando cegou 6 dos seus pacientes.

17 de julho de 2009

Categorização da música pimba

Em tempo de festas e romarias por Portugal inteiro urge analisar diversas componentes da musicalidade que percorre os bailes de norte a sul da pátria de Camões. Analisando com a distância passional que nos permite ser imparciais e com a profundidade que nos proporciona o levantamento de questões vitais, pode-se diferenciar três vertentes da música pimba: a apaixonada, a erótica e a social.
Na vertente amorosa os intervenientes exaltam as qualidades de determinada mulher. Não raras vezes, surgem neste contexto músicas que são uma autêntica ode à mulher portuguesa, talvez a temática mais frequente das músicas pimba apaixonadas. Um dos baluartes desta vertente é Toy, esse músico setubalense que exulta a sensualidade feminina em diversas das suas composições.
Quanto à erótica, assenta que nem uma luva nas graves vozes de Quim Barreiros e Leonel Nunes. Esta apela sempre a um acto sexual pós-musical sendo que o caminho para o obter (leia-se "coro") pode ser através de trocadilhos que a língua lusa propicia.
Por fim, a vertente social é bastante abragente, abordando temas tão diversos desde o baile de domingo até aos salários praticados pelos empregadores. É Nelo Monteiro que reclama a si a defesa do povo operário oprimido, demosntrando as suas inclinações marxistas em cantigas pimba.
Há que destacar também Emanuel. Este, para muitos considerado o rei do pimba, mostra uma versatilidade inigualável, oferecendo aos ouvintes músicas pimba das três vertentes aqui dissecadas.

7 de julho de 2009

A conversa que ninguém ouviu entre Michael Jackson e Cristiano Ronaldo

-Esse nariz deve fazer um sucesso com as gajas oh Mike!
-Nã, a mim o que me safa são os pezinhos de dança.
-Eu não faço muito disso, a Paris já me acha gay assim, imagina a paneleirada que era eu a fazer o moonwalk com o meu bonézinho rosa.
-Pois era. Olha, porquê é que não fazes uma plástica?
-A mim não me dá jeito. Tipo, sou um exemplo para os putos e o Jorge Mendes diz para eu ser ecológico e usar papel em vez de plástico. Mas se queres que te diga nem sei de que cor é o ecoponto onde se põem as embalagens dos meus cremes.
-Mas eu estou a falar de operações plásticas!
-Ah, também nunca tive muito jeito para a escola! As operações que faço é somar e tirar e vezes porque nem dividir faço muito bem, quanto mais plásticas!
-Olha e se eu morresse agora o que fazias?
-Sorria para as câmaras, é claro!
-Lindo menino!
-Oh pchttt. Chega para lá que eu de rabicho pouco tenho

4 de julho de 2009

Foto-reportagem

Agora, com Michael Jackson morto, as crianças voltam a brincar na rua felizes e divertidas!





(clique na imagem para ver melhor e assim poder apreciar em pleno a poesia do momento de liberdade)

3 de julho de 2009

Pedro Moutinho, super culto

Pedro Moutinho é uma das pessoas mais cultas à face da terra. Contudo a vida não o recompensou com felicidade e já foram diversos os obstáculos que teve que ultrapassar.
O seu irmão 3 anos mais novo, Sebastião, sofre duma grave doença mental, o que condicionou sobremaneira a infância de Pedro, causando-lhe diversos traumas, sobretudo quando perdia ao jogo do galo com o seu irmão que jogava sempre da mesma forma. A família Moutinho era pobre. O seu pai era operário numa fábrica de pasta dos dentes durante o dia e cirgurgião e traficante de órgãos à noite. A sua mãe recebia uma pensão por invalidez (era costureira mas sofrera um espasmo numa mão aos 25 quando escrevia uma carta ao seu avô que combatia na guerra colonial que lhe foi fatal, terminando abruptamente com a sua carreira profissional) mas à noite trabalhava como enfermeira e secretária.
Casou-se cedo com Mónica, uma professora de história do 6º ano de escolaridade que aparentava a mulher ideal: cozinhava e limpava bem, não reclamava das horas a que Pedro chegava a casa e era boa na cama. Contudo, o coração traiu-a e fugiu com uma stripper lésbica para a Holanda, depois de roubar o carro a Pedro e lhe deixar um bilhete com perfume e letras.
O maior desgosto de Pedro é a diferença de gostos para com os seus filhos. O seu filho Bernardino, actualmente na universodade a tirar o curso de instrutor de condução, sempre gostou de leitura. Com 6 anos Pedro deu-lhe o seu livro favorito: Babar e o Guarda Chuva. Contudo Bernardino não o quis ler achando-o demasiado adulto para a sua idade. Na verdade, não quis lever esse livro pois nesse momento estava a ler a bibliografia completa de Kafka, o que era bastante mais adequado para a sua idade.
Francelino, varredor de ruas durante o dia e segurança nas noites de folga de Carlos
Chimpanzé Matias, por sua vez, amava a música, tal como o pai. Desde jovem que toca piano e nunca esqueceu uma discussão com o seu pai aos 8 anos. Estava Francelino ao piano a tocar a 9ª Sinfonia quando o Pedro lhe disse:
-Ouve isto, que tem uma sonoridade maravilhosa!
-O que é isso?
-É o último CD do Avô Cantigas.
-Pai, eu só tenho 8 anos, isso é muito marado para mim. Qualquer dia queres também que já ouça O Panda Vai à Escola.
Por fim, as desavenças também chegaram a Maurício, que entretanto morreu, ficando o corpo escondido no quintal, sem se saber publicamente o motivo da sua morte (há quem fale em overdose mas a teoria mais credível é a da morte numa rixa com elementos de uma claque organizada de uma transsexual algaria). Este era um amante do cinema, tal como o pai. E aos 7 anos houve uma grande discussão na casa dos Moutinho, devido à decisão do que ver no DVD. Pedro pretendia ver Casper no Cinema enquanto Maurício fazia força para que fosse visionado um documentário sobre a evolução da bolsa de valores nova iorquina e a sua influência nas relações comerciais internacionais.
Pedro sempre foi professor de filosofia, dando boas notas aos alunos do Benfica e às alunas que vistam frequentemente roupa reduzida. O seu maior desgosto continua a ser não descobrir o truque de Sebastião no jogo do galo.

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