24 de novembro de 2009

Faça-se justiça

Por uma questão de superioridade, preferia que o tratassem pelo último nome. João era alguém que não existia efectivamente no seu espólio de amizades, já quando se dizia Amorim a música era outra. Como bom português que era não descurava também o "Engº" antes do seu apelido, embora nunca tivesse exercido nenhuma actividade profissional que honrasse esse prefácio que ostentava orgulhosamente no livro de cheques.
Balelas afinal. Não era mais do que um recalcamento de infância. Um complexo de inferioridade derivado da sua homossexualidade. Sim, João, ou Amorim, como quiserem, não passava de um reles roto que nem sequer o assumia, tornando assim a sua apaneleirada escolha sexual ainda menos digna.
Nunca tivera um namorado, no verdadeiro sentido da palavra. A sua vida amorosa resumia-se a uma família de fachada e sexo ocasional nas horas livres que, sabemos nós (perdão, sei eu, porque não poderia utilizar o pronome pessoal da primeira pessoa do plural se ninguém lê isto, desculpem por ter colocado este blog num patamar superior à sua efectiva nulidade que representa no panorama da bloguesfera regional, nem me atrevo a dizer nacional) são bastantes para essa raça que se intitula de trabalhadores quando não são mais que funcionários públicos, ainda para mais neste caso que era um simples cargo criado para tachos sempre necessários para o amigo da prima da vizinha do senhor que fez aquele favor ao presidente de câmara. Voltando à narrativa original, perdida em divagações típicas de alguém que está a escrever às 2.34 enquanto ouve drum'n'bass, não havia uma pinga de amor, um simples gesto de ternura que se possa apontar na vida deste reles que aqui relatamos. João nunca pensara muito nisso, também não conseguiria pois não é dotado de uma inteligência que possa ser comparada com brio à de uma banana geneticamente modificada.
Os seus amigos, na sua generalidade pessoas que também gostavam de ser tratadas pelo apelido, ou nome de família, como gostam de lhe chamar, médicos, advogados e chulos, portanto, tinham um carinho especial por ele. Talvez seja assim por ser o mais ingénuo do grupo e ao mesmo tempo o mais rico, o que, parecendo que não, traduzia-se num constante aumento de capital emprestado a fundo perdido para negócios inovadores sem que nunca tenha saído de contas em off shores dos seus amigos.
A verdade é que este homem tinha tudo para vingar na vida e acabaria por se tornar uma figura de relevo no panorama político nacional.


(Não pensem os mais atentos que João Amorim é um pseudónimo de José Sócrates. Tal não seria possível, sobretudo porque não teríamos fundos para suportar o custo judicial do processo que o tio Zé moveria a este blog.)

17 de novembro de 2009

Este post não tem gripe A

Eram 20 horas e Pedro via as notícias. Perdão, Pedro ouvia as notícias. Pedro era cego. Agora que já foi corrigida esta impertinêcia e que o leitor ficou esclarecido sobre as deficiências visuais de Pedro (o que acaba por ser estúpido porque Pedro nem é a personagem central da trama que vai ser apresentada), prossigamos a história. Aos ouvidos de Pedro chegavam coisas tais como a recepção da selecção portuguesa de futebol na Bósnia, a possibilidade de José Sócrates ser (ainda mais) corrupto, a morte de gente que tinha gripe A e a vontade que um senhor com aparentes deficiências mentais tinha de coçar e decidira demonstrá-lo em voz alta.
Vamos por partes então.
A selecção de futebol que veste de vermelho e verde foi mal recebida na Bósnia. É perfeitamente natural. Em primeiro lugar é normal que as pessoas tenham reagido mal quando pensavam que iam ver a selecção portuguesa e viram a chegar ao aeroporto gente como Pepe, Liedson ou Deco. Não querendo despromover futebolisticamente a região de Alagoas, é certo que Portugal (mesmo sob o comando de Carlos Queiroz) tem um pouco mais de valor no que diz respeito à arte de mandar pontapés numa bola. Por outro lado, há que lembrar que a última vez que os portugueses estiveram na Bósnia foi através das forças armadas para ajudar o país na guerra. Se os portugueses chegassem e encontrassem em Sarajevo uma cidade pacífica ainda poderiam pensar que se tinham enganado no país. Daí a animosidade, que se revelou mais certeira que um GPS.
Quanto á possibilidade de José Sócrates ser um político corrupto trata-se de uma tentativa de elevação do país. Para já, ficava mal aos portugueses assumirem-se como líderes nos rankings mundiais de corrupção e esta estender-se apenas num nível autárquico. Agora sim, com altas figuras nacionais nas teias da corrupção, as candidaturas nacionais ao topo do compadrio vão ser bastante mais credíveis. Observa-se também uma tentativa de evolução do país, pois toda a gente sabe que os grandes países baseiam-se ou basearam-se em atitutes corruptas dos órgãos de soberania máxima: Nixon, Berlusconi, Chirac, Gordon Brown, etc.
A gripe A, por sua vez, é outra notícia que não deixa de causar incómodo aos ouvidos mais sensíveis (e aos menos sensíveis também) uma vez que começa a tornar-se incomodativo levar com a mesma notícia 342 vezes ao dia, ainda para mais não se relacionando essa notícia com futebol.
Para terminar, há que dar valor ao senhor que pretenddia eliminar a comichão da zona púbica. São pessoas dessas que são precisas para mandar no nosso país. Sem pudor de atingir os objectivos, sem pejo em dizer o que querem e sem total capacidade mental, o que os levaria a não ter medo a pegar em Portugal (se bem que o país está tão fraquinho que pegar nele não seria tarefa tão musculada como se julga)

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