8 de abril de 2009

Otávio Pedrouços, assassino em série

Os investigadores forenses já lhe conheciam as manhas, os disfarces, os gestos, as falas mas nunca lhe puseram as mão em cima. Lançaram inúmeras campanhas, soltaram-lhe cães, gastaram meios e pessoas mas nunca o caçaram! Porquê? Não sei e se soubesse não ia dizê-lo num blog com o título "Coisas Estúpidas, mesmo estúpidas"
Otávio, seguia sempre o mesmo ritual. Antes de qualquer assassínio, vai à Barraca da Comissão de Festas, come um pão com alheira e toma um café com cheirinho. Daí, as migalhas secas na sua t-shirt que exibe orgulhosamente o texto "Construções Santos", t-shirt essa que faz um belo conjunto com o Boné da 65º Volta a Portugal em Bicicleta e o fato-macaco que a CP distruibuíra gratuitamente no seu 75º aniversário a todos os funcionários. No meio do arco-íris que eram as suas roupas podia-se observar um rosto fechado, sujo, envelhecido que não tinha pudor em ostentar marcas da Guerra Colonial e da zaragata da festa de Casal de Loivos de 93 em que o Zé das Alminhas havia perdido um braço e uma fartura.
O seu cadastro tinha mais páginas que a biografia oficial de Fidel Castro (biografia que não existe, logo basta o cadastro ter uma página para ter mais páginas que a biografia supracitada). Nele constavam todos os casos que a comunicação social nunca quis transmitir para não chocar a sociedade civil, a mesma sociedade civil que ostracizara Luiz Felipe Scolari após a derrota na final do Euro 2004.
Mas na aldeia, nesse limbo de emoções aquando da altura da matança do porco, o nome de Otávio corria as ruas da armagura. Tudo por aquela sacholada bem aplicada no cachaço de Silvério Matias, podador de profissão, ex-presidente da junta e militante activo do Partido da Terra. Tudo devido a quezílias que incluiam um terreno, dois porcos e uma prostituta brasileira. (Vá, pronto... Não inclui nada um terreno nem dois porcos!)Já lhe tinham sido perdoadas as mortes anteriores mas esta foi a gota de água. Ironia do destino para alguém que, segundo vozes da aldeia, "andava sempre na gota".
Na cabeça de Otávio passa a fuga para o Luxemburgo para junto dos seus filhos que trabalham numa empresa de limpeza de centros comerciais. Mas sabe que não seria fácil viver longe do ambiente rural , do cheiro a fezes de animais, da oportunidade de assassinar um campónio, do café com cheirinho da barraca da Comissão de festa, da Ivone, sua companheira de sempre (a troco de 25 euros, é claro). A vida foi madrasta para Otávio.

2 comentários:

Manuel A. Fernandes disse...

Parece um texto daquel alentejano que ia regularmente ao levanta-te e Ri, o Serafim. Isso declamado a um público ia fazer um sucesso.

4º Mental disse...

Pena o texto não rimar...porque se não, meu filho... ;) ehehe muito bom mesmo assim!

Publicidadezinha