Trago-vos a análise que faltava na língua portuguesa, hoje
vamos falar sobre a puta que pariu.
Neste micropaís que se inicia a norte do rio Mondego não
faltam no dia-a-dia um belo foda-se ou um caralho, que saltam da boca de todos
nós como se a nossa língua fosse um trampolim de palavrões. O palavrão, no
norte do país, não é um impropério mas sim um vocativo que dá um colorido tinto
às nossas frases.
Mas por mais que tentem, nenhuma veborréia se aproxima da
inimitável puta que pariu. Olhando à epistemologia da frase, Puta que pariu
seria uma qualquer Tatiana da vida a quem a pressa, o descuido ou a vontade do
cliente levaram à não utilização do preservativo. Nove meses e uma baixa sem
direito a pagamento da segurança social depois, Tatiana daria à luz um petiz
que seria meio filho dela, meio filho do mundo. Consumado o nascimento do
filho, dar-se-ia então a Tatiana o título da puta que pariu.
Pois bem, puta que pariu é tudo menos isso. Puta que pariu adjetiva tudo o que é incrível, positivo ou
negativo. Puta que pariu é a mais democrática das construções da
língua portuguesa.
Puta que pariu mais um recorde de golos do Ronaldo ou puta
que pariu este patrão que esperou até às 5 da tarde para me entregar uma pilha
de trabalho. Puta que pariu tanto dinheiro que eu ganhei ou puta que
pariu esta chuva que nunca mais para.
Puta que pariu para o bem e para o mal, tudo o que é
inexpectável, tudo o que ultrapassa os limites da normalidade assenta-lhe bem.
Em suma, puta que pariu isto tudo!
1 comentário:
Bem dito!
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