17 de março de 2020

Puta que pariu


Trago-vos a análise que faltava na língua portuguesa, hoje vamos falar sobre a puta que pariu.
Neste micropaís que se inicia a norte do rio Mondego não faltam no dia-a-dia um belo foda-se ou um caralho, que saltam da boca de todos nós como se a nossa língua fosse um trampolim de palavrões. O palavrão, no norte do país, não é um impropério mas sim um vocativo que dá um colorido tinto às nossas frases.
Mas por mais que tentem, nenhuma veborréia se aproxima da inimitável puta que pariu. Olhando à epistemologia da frase, Puta que pariu seria uma qualquer Tatiana da vida a quem a pressa, o descuido ou a vontade do cliente levaram à não utilização do preservativo. Nove meses e uma baixa sem direito a pagamento da segurança social depois, Tatiana daria à luz um petiz que seria meio filho dela, meio filho do mundo. Consumado o nascimento do filho, dar-se-ia então a Tatiana o título da puta que pariu.
Pois bem, puta que pariu é tudo menos isso. Puta que pariu adjetiva tudo o que é incrível, positivo ou negativo. Puta que pariu é a mais democrática das construções da língua portuguesa.
Puta que pariu mais um recorde de golos do Ronaldo ou puta que pariu este patrão que esperou até às 5 da tarde para me entregar uma pilha de trabalho. Puta que pariu tanto dinheiro que eu ganhei ou puta que pariu esta chuva que nunca mais para.
Puta que pariu para o bem e para o mal, tudo o que é inexpectável, tudo o que ultrapassa os limites da normalidade assenta-lhe bem.
Em suma, puta que pariu isto tudo!

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