21 de agosto de 2014

Carina

-Como é que fazes essa cena?
-Que cena?
-Pá, isso.
-Isso o quê?
-Não posso dizer, não vês que estamos a ser lidos?
-Então mas como é que eu sei do que estás a falar?...
-Não me digas que és assim tão burrinho que não percebes.
-Digo.
-Pronto. Era isto.
Podia ter sido esta a conversa de Ricardo e André na noite em que embarcaram para o resto da sua vida. Mas o ambiente congelava-lhes também as palavras, como se estas fossem estanques, sólidas e não tivessem vontade própria. Isto era só na cabeça deles, as mesmas cabeças que tinham sido massajadas pela noite e pelas mãos de Carina.
Quem é Carina?
Não interessa.
No resto do mundo, naquela parte do mundo que não era a cabeça deles (e que por isso mesmo para eles não era sequer mundo, ou pelo menos mundo que conhecessem), aquilo eram dois homens envergonhados por partirem rumo a um campismo gay.
Então e o que faz a Carina ali no meio?
Não interessa.
-Foda-se.
-Foda-se, o quê?
-Nada.
-Nada não. Agora dizes foda-se do nada? Fala direito, meu caralho que já tens aí os filhos da puta duns dentes.
-Foda-se esta merda. Satisfeito agora?
-Não. Sabes que só fico satisfeito no fim, meu filho.
-Carina, anda cá.
Foda-se, afinal quem é a Carina?
Não interessa.
O mundo não os tinha preparado para isto. O mundo não prepara ninguém para nada. Vem e dá-te uma chapada sem teres pedido, como aquelas professoras primárias que são viciadas em anti-depressivos e depois batem nos miúdos, nos miúdos errados ainda por cima.
Um ex-dono do BES e um médico. Niguém diria que eram gays. Talvez chamassem paneleiro de merda ao primeiro mas mais pelo ódio às sua opções financeiras do que às sexuais.
A Carina foi embora. Espera, quem é a Carina?
Não interessa.
A noite e o sono eram teimosos. Uma não ia, o outro não vinha. E o barco seguia o seu caminho, indiferente a isso, a isso e ao resto, que aos barcos desta vida pouco interessa o que pensa este ou aquele, a menos que estejam a pensar em conduzir o barco.
-Vou-me deitar.
-Posso deitar-me contigo?
-Não.
-Rabeta!
-Até amanhã.
-Que merda de post é este?
 

4 de agosto de 2014

Este post não tem piadas racistas

Era uma vez uma criança da Etiópia chamada Maria. A Maria tem 5 sacos de arroz, deu dois ao Mantorras, com quantos ficou? Com nenhum, acordou e caiu da cama. Depois acordou outra vez, estava só a sonhar que tinha uma cama.
A Maria tinha uma mosca de estimação, que lhe entrava sempre dentro da narina esquerda. Chamava-se Muambo. Era uma querida, entrava-lhe pela narina de forma a não lhe fazer comichão.
Um dia vieram as hienas.Mas era de noite, e por isso não viram a Maria.
Mas a mosca não voltou dessa noite. Fazia vento. A Maria acordou na Somália.
Na Somália não dão as Tardes da Júlia, porque é depois do almoço. Na Somália, não gostaram muito da Maria e queimaram-na. Depois comeram.

Publicidadezinha